Logo outros projetos também se instalaram no BAUEN. Na frente da Callao, com uma saída para o novíssimo bar, havia também uma livraria, que ficou lá por alguns anos. Durante um período de quatro meses, as aulas foram dadas pelo Laboratório de Línguas da Faculdade de Filosofia e Literatura da Universidade de Buenos Aires. Foram realizados cursos de treinamento para trabalhadores e militantes do MNER. E um número infinito de iniciativas que foram bem-vindas em seus salões.
Naquela época, outro grande conflito também se desenvolveu sobre a recuperação de várias fábricas da empresa Gatic SA, licenciada na Argentina da Adidas e outras marcas de roupas e calçados esportivos1. Na cidade de San Martín, os trabalhadores de uma de suas fábricas conseguiram expropriá-la e formaram a Cooperativa Unidos por el Calzado (CUC). Com o apoio de uma Fundação que se formou tendo como referência o famoso filme dos canadenses Naomi Klein e Avi Lewis sobre as empresas argentinas recuperadas (The Take, em espanhol, A Tomada), os trabalhadores da CUC iniciaram o projeto de sua própria marca de calçados e o lançaram no BAUEN. Eles montaram um pequeno estande no saguão do hotel, à esquerda da entrada da Callao, onde expuseram e venderam os diferentes modelos de calçados fabricados pela cooperativa.
A outra grande fábrica que conseguiu se recuperar da Gatic tornou-se a Cooperativa Têxtil Pigüé. O conflito da Pigüé foi longo e árduo, e estando em uma cidade a quase 600 quilômetros da capital, seus trabalhadores tiveram que passar dias inteiros em Buenos Aires, primeiro para reuniões e negociações para a recuperação de sua fábrica e, após a recuperação, para manter as tarefas comerciais necessárias para seu funcionamento. O BAUEN sempre foi o lugar onde eles podiam ficar em tempos difíceis, e onde eles continuaram a ficar quando a cooperativa começou a se tornar uma próspera empresa têxtil recuperada. A Textiles Pigüé, continua utilizando o BAUEN até hoje.
- Andrés Ruggeri et al., Cooperativa Textiles Pigüé, historia de la recuperación de una fabrica de Gatic, Bs. As: Ediciones Peña Lillo/Continente, Biblioteca La Economía de los Trabajadores, série 2014.↩