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BAUEN, dia 98

A indignação do La Nación contra as “ocupações ilegais” tem um destinatário direto, os trabalhadores da cooperativa BAUEN. O jornal apresenta o falecido empresário Marcelo Iurcovich e seu filho Hugo, sem nomeá-los, como pobres vítimas dos novos bárbaros, os trabalhadores que ocupam empresas (eles preferem chamá-los de empregados, para enfatizar sua subordinação a um contrato de trabalho, que na realidade foi violado pelos empregadores).

Eles ignoram o fato de que o hotel foi construído com um crédito não pago do BANADE, graças a suas ligações com a ditadura militar, e que sua falência deixou cerca de 70 famílias desabrigadas. Eles alegam que o uso da sigla B.A.U.E.N. pela cooperativa infringe a lei de patentes, quando os empresários que estão defendendo mudaram o nome da empresa várias vezes para fugir dos impostos e pagamentos, e a última manobra foi feita com a empresa fantasma Mercoteles, à qual a juíza atribui a propriedade do hotel.

Eles exigem o despejo imediato porque, caso contrário, “o fato consumado” prevalecerá sobre a propriedade. Mas eles não exigem ação diante do fato consumado que coloca as pessoas fora do mercado de trabalho. Nem diante das manobras fraudulentas dos empresários que tomam empréstimos que não pagam (de preferência em bancos públicos), que não pagam as contribuições previdenciárias de seus trabalhadores (para que atinjam a idade da aposentadoria, tendo trabalhado por décadas, e não tenham suas contribuições registradas), que não pagam impostos e deixam uma dívida de milhões perante a AFIP, uma enorme dívida que na realidade é paga pelo povo argentino.

Eles ignoram a reforma da lei de falências. Eles não conhecem sequer os precedentes nesta direção nos “países sérios” que admiram, como os Estados Unidos, França, Espanha ou Itália, que tem uma lei específica, a lei Marcora, para que as empresas falidas sejam administradas por suas cooperativas de trabalhadores com apoio financeiro do Estado. Ou que um dos principais candidatos à presidência dos EUA nas últimas eleições e hoje, segundo as pesquisas, um político ainda mais popular que o presidente Trump, Bernie Sanders, propôs a formação de cooperativas em empresas falidas como a principal medida para recuperar as taxas de emprego naquele país.

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