Capítulo 11
Resistência e autogestão
O despejo ordenado pela Juíza Paula Hualde desencadeou uma onda de solidariedade com os trabalhadores do BAUEN que tem continuado a crescer incessantemente desde então. Se há uma característica da recuperação do hotel do centro, foi sua abertura e solidariedade, acolhendo todo tipo de manifestações de luta popular em seus salões e oferecendo hospitalidade, o que levou ao retorno desta política de portas abertas, mas em direção a eles nos tempos difíceis que se seguiram.
A notícia da ordem de despejo caiu como uma bomba que, ao invés de destruir, construiu uma barreira de solidariedade que atravessou setores políticos e sociais muito diferentes, mesmo em nível internacional. O BAUEN dos trabalhadores já havia se tornado uma referência mundial de autogestão. Imediatamente, foi organizada uma coletiva de imprensa que transbordou o salão do bar Utopia, com a presença de sindicatos, partidos políticos, empresas recuperadas, organizações de direitos humanos, acadêmicos e intelectuais.
Não se tratava apenas de relações políticas, era o sentimento dos trabalhadores do hotel, especialmente aqueles que haviam trabalhado para os Iurcovichs, como Arminda, que declarou ter trabalhado “com aquela empresa por vinte anos e eu conheço muito bem aquelas pessoas. Porque no momento não temos nada para negociar com eles, porque o BAUEN é nosso, será nosso, mesmo que eles não gostem”. E a resposta foi uma grande mobilização de cerca de 5.000 pessoas, que logicamente ultrapassou em muito os membros da cooperativa BAUEN, que chegaram ruidosamente ao Tribunal de Comércio No. 9, a apenas alguns quarteirões do hotel. Uma visita que se repetiria várias vezes ao longo dos anos.
No dia em que expirou o prazo para deixar o prédio, 21 de agosto de 2007, foi organizado um grande concerto na porta, na Avenida Callao, no qual vários grupos musicais tocaram, centenas de pessoas se inscreveram e León Gieco fechou o concerto. Lá, uma assembleia foi improvisada ao longo da avenida, na qual Fabio Resino perguntou à multidão se eles estavam dispostos a apoiar a BAUEN:
Camaradas: Nós, os trabalhadores do BAUEN, como tantos outros trabalhadores, onde nos é permitido, decidimos em assembleia. Portanto, vamos transformar este ato em uma grande assembleia e queremos perguntar se você está pronto para resistir junto com os trabalhadores até o final. Levantamos as mãos se concordarmos, camaradas! Viva a luta do BAUEN! Viva as empresas administradas por seus trabalhadores!
Naturalmente, a resposta foi uma aclamação. A ordem de despejo não foi executada, e a cooperativa recorreu da medida. Isso permitiu aos trabalhadores alguma paz de espírito, enquanto a disputa continuava no nível judicial.