Um Bauen estatal?
Em novembro de 2014, ficou conhecido que o deputado Andrés Larroque, da Frente para la Victoria, havia apresentado ou estava prestes a apresentar um novo projeto de lei de expropriação que foi apoiado, pela primeira vez explicitamente, pelo Poder Executivo. Os trabalhadores do BAUEN, após a última decisão negativa da Suprema Corte – que representava o encerramento definitivo das possibilidades de reconsideração da decisão de primeira instância do ponto de vista judicial – haviam iniciado as negociações em nível governamental, das quais surgiu a reativação do estudo da antiga dívida da família Iurcovich com o BANADE, que estava no âmbito do Ministério da Economia.
O projeto resultante variou substancialmente em relação aos anteriores. Seus fundamentos eram semelhantes e estavam ancorados nos laços do grupo Iurcovich com a ditadura, no crédito e dívida não pagos com o BANADE e na falta de execução por parte do Estado. O projeto de lei declarou então a propriedade em Callao 360 como de utilidade pública e sujeita à expropriação, cuja compensação o Estado determinaria depois de deduzidas essas dívidas. A mudança viria dali e a proposta não era ceder a propriedade expropriada à cooperativa BAUEN, mas formar uma empresa estatal que administraria o hotel para receber hóspedes de programas sociais e de saúde, ou seja, se tornaria um hotel social pertencente ao Estado nacional. Os membros da cooperativa se tornariam trabalhadores da empresa estatal resultante da lei. Não ficou claro a partir desses rumores qual seria o destino da cooperativa, pois em alguns casos foi afirmado que ela continuaria a existir e que estaria encarregada de algumas tarefas e administração dentro do hotel, como parceira do Estado.
O projeto de Larroque, um dos mais destacados líderes do grupo kirchnerista La Cámpora, suscitou indignação entre a mídia conservadora, que acrescentou sua obsessão pelo “camporismo” à sua tradicional amargura contra a cooperativa BAUEN. O jornal La Nación publicou a notícia em tom escandaloso: “La Cámpora quer agora expropriar o Hotel Bauen”1. O jornal destacou que isso estava acontecendo “apesar das decisões judiciais validadas pelo Tribunal ordenando que fosse devolvido ao seu legítimo proprietário”. Após descrever as principais características do projeto, citando seu texto em alguns parágrafos, e explicando que o hotel seria utilizado para “turismo social e para cobrir referências médicas de todo o país, através do PAMI”, o jornal conservador terminou citando o representante da Mercoteles, Gerardo Palomero, que nada mais fez do que repetir os argumentos habituais da empresa.
- “La Cámpora ahora quiere expropiar el Hotel Bauen”, no jornal La Nación, 21 de novembro de 2014. Recuperado de http://www.lanacion.com.ar/1745827-la-campora-expropiacion-hotel-bauen-andres-cuervo-larroque-diputados↩