Por meio de um epílogo provisório
E, caso não esteja totalmente claro quem é quem nesta história, La Nación ajuda a esclarecer o assunto. A juíza Hualde enviou novamente uma notificação de despejo em março, com data limite de 14 de abril.
Como era Sexta-feira Santa, feriado público, ela então enviou uma retificação e a data foi marcada para 19 de abril. Macri já havia vetado a expropriação após o Natal.
Com as cartas estabelecidas e a cooperativa pronta para lutar por seus direitos como tem feito ao longo de sua história, o jornal La Nación publicou na terça-feira 14 de março um virulento editorial contra as empresas assumidas por trabalhadores e, em particular, contra o hotel BAUEN. O objetivo do jornal é transparente: pressionar para que o Congresso não rejeite o veto e a juíza não hesite em efetuar o despejo. Essa pressão está se tornando uma metodologia da imprensa viciada no governo e em negócios fraudulentos. Jorge Lanata fez algo semelhante quando a expropriação da fábrica Petinari foi aprovada (por unanimidade) na legislatura da província de Buenos Aires, dando uma entrevista muito educada aos antigos proprietários (que devem US$ 60 milhões em salários) que exigiam que a governadora María Eugenia Vidal vetasse a lei. A lei foi vetada e os trabalhadores foram despejados por uma megaoperação policial de 600 pessoas em 3 de março. Hoje eles estão acampados em frente à fábrica, que eles conseguiram reativar como a cooperativa Acoplados del Oeste. Eles estão procurando a mesma sequência para o BAUEN.
Logicamente, esta não é a primeira vez que o jornal dos Mitre edita contra as empresas recuperadas. São explosões de patrões indignados contra a audácia desta experiência de autogestão que defende os empregos e a infraestrutura produtiva que seriam irremediavelmente perdidos (como vem sendo noticiado todos os dias há um ano e meio) se, precisamente, os trabalhadores não ocupassem seus locais de trabalho a fim de preservá-los da voracidade dos empresários que destroem os ativos e conduzem deliberada e fraudulentamente as empresas à falência. Eles fazem isso porque sabem que, em nome da legalidade, são prejudicados pela enorme legitimidade dos trabalhadores que defendem sua possibilidade de ter um emprego e um salário digno, formando empresas cooperativas mais humanas e, quando têm as ferramentas necessárias, mais eficientes porque não buscam o máximo de lucro para seu proprietário, mas o bem-estar coletivo.