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BAUEN, dia 46

A festa aconteceu no início de outubro de 2003, e foi o retorno das atividades hoteleiras e gastronômicas ao edifício Callao 360, desta vez sem o patrão. Como conta Plácido:

A amargura de não poder atender suficientemente às necessidades da família durante um ano foi misturada com a doçura de poder pagar a dívida que eu devia à minha filha graças à solidariedade de todos os meus colegas. Assim, passei à história como o primeiro cliente da cooperativa BAUEN.

Graças à solidariedade de trabalhadores e estudantes, os membros da Cooperativa conseguiram sobreviver ao primeiro ano de ocupação enquanto apressavam a reforma das instalações do hotel. O esforço feito nesse momento foi registrado nas imagens do documentário de Fabián Pierucci, BAUEN: Lucha, Cultura y Trabajo, nas entrevistas com os trabalhadores daquela época, incluindo uma em que Gladys e Arminda são vistas fazendo elas mesmas os guardanapos, com sua máquina de costura, para mobiliar o hotel. O capital foi acumulado com base na exploração da mão-de-obra dos trabalhadores do BAUEN que investiram sua força de trabalho diretamente, a fim de poder recuperar a empresa que os empregaria, desta vez sob uma forma coletiva. É auto exploração? Talvez, mas a questão se torna abstrata quando se luta pela sobrevivência e se aposta em uma autogestão futura.

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