O primeiro evento: de recuperada a recuperada
“Enquanto isso, estávamos preparando os corredores para o trabalho. Isso nos levou cerca de um ano, até que tivemos nosso primeiro cliente, o aniversário de quinze anos da filha do companheiro Plácido (da cooperativa Chilavert). A partir de então, começamos a ter noites nos salões. Só saíamos para repor a mercadoria e comer”, lembra Gladys”, recorda Gladys sobre esse período difícil.
Plácido Peñarrieta, trabalhador e presidente da gráfica de Chilavert, estava prestes a celebrar o décimo quinto aniversário de sua filha Rosalía. “Eu mataria dois coelhos de uma cajadada só”, disse o próprio Plácido: para resolver o problema do local da festa e ao mesmo tempo colaborar com os trabalhadores da BAUEN.
“Em 2003 minha filha completava quinze anos e eu queria fazer uma festa para ela”, disse Plácido, anos depois. A recuperação do Bauen deu a esse trabalhador gráfico com uma longa história de militância no movimento de favelas uma oportunidade de compensar as ausências obrigatórias que a militância e o conflito exigiam. A pressão da falta de renda quando a fonte de renda se acaba é, possivelmente, o sentimento mais forte sentido pelos trabalhadores, algo que faz parte da história da grande maioria dos membros das empresas recuperadas – e ainda mais se forem trabalhadoras – quando falam do processo de recuperação em suas fases mais complicadas, quando não há dinheiro para cobrir as necessidades mais básicas da família.