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BAUEN, dia 59

Crônica de uma venda anunciada

Em 25 de julho de 2001 (ou junho, segundo Berasategui e Gallardo), argumentando que a venda a Solari era nula e sem efeito porque não havia sido paga (o que dizer então sobre o próprio hotel, com a dívida para com o BANADE), Marcelo Iurcovich vendeu o Bauen à Mercoteles, uma empresa que havia sido registrada como tal na Inspetoria Geral de Justiça pouco antes, e com um capital acionário minúsculo. Em outras palavras, eles venderam o hotel para si mesmos. Entretanto, as informações só foram divulgadas algum tempo depois. Até mesmo a investigação detalhada de Santiago O’Donnell, publicada na Página/12 em julho de 2007, atribui a manobra a 2005. Apenas alguns anos depois, o trabalho de Guillermo Berasategui e a denúncia de Gallardo destacaram o nó górdio desta história.

Esclarecendo a questão com os dados que a própria juíza, Paula Hualde, que nega o direito da cooperativa de administrar o hotel, declara na decisão em que ordena o despejo pela primeira vez para “devolvê-lo” a Mercoteles, podemos reconstruir a seguinte sequência:

a. Incorporação da empresa Mercoteles SA: A empresa Mercoteles SA foi registrada na Inspetoria Geral de Justiça (IGJ) em 27 de junho de 2001, de acordo com a juíza, embora no Diário Oficial nº 29.678 publicado em 28 de junho de 2001, ela aparece como incorporada em 20 de junho do mesmo ano.

b. Venda do hotel à Mercoteles: Bauen SACIC vendeu o imóvel à Mercoteles SA em 25 de julho de 2001, de acordo com o ponto III, i) da decisão da juíza Hualde. Gallardo ressalta que, segundo a escritura anexada ao caso na página 6431/6453, a data da venda é 25 de junho, um mês antes, o que seria ainda mais grave. De acordo com as datas de Gallardo, a Mercoteles compra o hotel cinco dias após a sua criação.

c. Transferência da propriedade de Solari SA para Bauen SACIC: O juiz comercial Eduardo Favier Dubois (h) devolveu a propriedade na Callao 360 que era propriedade da empresa falida, Solari SA, ao proprietário anterior, Bauen SACIC, em 29 de agosto de 2001. A decisão foi confirmada pela Câmara C do Tribunal de Comércio em 25 de outubro de 2002. Favier Dubois foi o chefe do Tribunal de Comércio No. 9, mais tarde ocupado por Hualde. Observe que a restituição não é para Mercoteles, mas para Bauen.

d. Credenciamento da venda perante o tribunal: Mercoteles SA credencia a propriedade do edifício na Callao 360 perante o tribunal da juíza Dra. Hualde (que já havia substituído Favier Dubois) em 10 de dezembro de 2004.

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