O Bauen fecha suas portas
A Bauen gerida por Solari entrou rapidamente em crise e os próprios Iurcovich obrigaram-no a apresentar um apelo aos credores (primeiro passo do mecanismo previsto pela Lei de Recuperação Judicial e Falências para resolver insolvências de empresas), bloqueando um embargo concedido pelo Juiz Rodolfo Herrera, da Vara Nacional Cível e Comercial nº 3, Sec. 5 e que ficou com 20% do dinheiro do hotel. Isso teria causado a Solari um afogamento financeiro que o obrigou a desembolsar do próprio dinheiro para atender seus credores. Assim explicou o representante legal da Solari SA, Gabriel Jaijel: “Foi uma medida emergencial causada por um afogamento financeiro. Agora, a vontade do meu cliente é chegar a um acordo com seus credores para um passivo próximo a oito milhões de pesos”.
A situação política e econômica do país deteriorou-se acentuadamente sob o governo da Aliança, cuja crise se acelerou quando o vice-presidente, Carlos Chacho Álvarez, renunciou em outubro de 2000 como consequência do escândalo de propina no Senado Nacional conhecido como “Lei Banelco”, precisamente uma lei que precarizou o trabalho e avançou na destruição dos direitos trabalhistas. Com a falência decretada em 22 de fevereiro de 2001, a gestão da BAUEN passou para as mãos de um sindicato. “Um administrador judicial começou a nos administrar, e nos cobrava 50 pesos por semana”, diz María Eva. “Em fevereiro de 2001, um síndico assumiu o comando do hotel”, diz Horacio Lalli, outro dos trabalhadores, “na verdade dois síndicos, um deles era contador e o outro não me lembro exatamente agora, mas acho que era um advogado, e encaminhavam o gerencimento do hotel”.
Outra trabalhadora, Gladys Alegre, sustenta que o sindicato não fez nada para impedir o esvaziamento: entre outras coisas menos óbvias, o mobiliário da torre passou a fazer parte do patrimônio da Bauen Suite. Como aponta Horácio, o destino da empresa Bauen foi, “dali em diante, a crônica de uma morte anunciada”. E reforça a ideia de Marcelo Ruarte, outra das figuras históricas da cooperativa e seu primeiro presidente: “esperávamos o golpe final, porque para falar a verdade não houve movimento. Em outras palavras, sabíamos que o hotel fecharia a qualquer momento.”